CURSOS, CONVIDADOS E FILMES

A 1ª REAU promove uma série de encontros com realizadores, produtores e pesquisadores do cinema brasileiro. Na pauta das conversas, ética e estética no documentário de observação; dramaturgia e mise-en-scène; cinema e literatura; como otimizar a produção executiva.

 

Todas as atividades serão realizadas no CCUFG - Praça Universitária

Para participar inscreva-se nos cursos que desejar, todos eles são inteiramente gratuitos, porém com vagas limitadas.

 

 
 

Documentário de observação

Com Marcos Pimentel - de 23 a 25 de abril

23.04, 19h - Exibição do longa A Parte do Mundo que me Pertence, seguida de conversa com o diretor.

24 e 25.04, 14 às 20h:

Estudo de técnicas narrativas, possibilidades de tratamento e abordagem estética no campo do documentário de observação. 

O elemento da crise no universo documental e sua incorporação na constituição da performance do personagem.

O uso de dispositivos e artifícios detonadores que auxiliam a elaboração da narrativa no documentário observacional.

A tomada de decisões e a construção subjetiva do discurso através da observação.

Reflexões sobre poesia e prosa na estrutura dramática do cinema de não ficção.

Ética e estética no universo do documentário de observação.

Escolas, tendências e autores contemporâneos que se valeram de técnicas de observação para construir seus discursos cinematográficos.

Marcos Pimentel

Documentarista formado pela Escuela Internacional de Cine y Televisión de San Antonio de los Baños (EICTV – Cuba) e especializado em Cinema Documentário pela Filmakademie Baden-Württemberg, na Alemanha. Também é graduado, no Brasil, em Comunicação Social (UFJF) e Psicologia (CES-JF). Diretor e roteirista de documentários para cinema que foram exibidos em mais de 700 festivais de 52 países e ganharam 91 prêmios por festivais internacionais, como A parte do mundo que me pertence (Doc / DCP / 84 min / 2017), Sopro (Doc / 35mm / 73 min / 2013), Sanã (Doc / 35mm / 18 min / 2013), A poeira e o vento (Doc / 35mm / 18 min / 2011), Taba (Doc / 35mm / 16 min / 2010), Pólis (Doc / 35mm / 22 min / 2009), A arquitetura do corpo (Doc / 35mm / 21 min / 2008) e O maior espetáculo da Terra (Doc / 35mm / 15 min / 2005). Entre suas produções para televisão destacam-se o telefilme Ruminantes (Doc / HD / 20 min / 2005), exibido para toda Europa pelo Canal ARTÈ (França e Alemanha); o telefilme Horizontes mínimos (Doc / HD / 52 min / 2012), contemplado pelo DOCTV América Latina e exibido em emissoras públicas de 15 países latino-americanos; a série Fé (Doc / HD / 4 x 26 min / 2013) e o telefilme Pequenas lonas (Doc / HD / 52 min / 2012), exibidos pela TV Brasil, TV Cultura e Rede Minas de Televisão; a série Diários sobre o corpo (Doc / 5 x 26 min / 2017) e o telefilme As batalhas da fé (Doc / HD / 52 min / 2017), contemplados pelo Prodav 11 – Edital de Conteúdo para TVs Públicas e atualmente em exibição em 220 emissoras públicas de TV (culturais, educativas, universitárias e comunitárias) de todo território nacional. Desde 2009, é professor do departamento de documentários do curso regular da Escuela Internacional de Cine y Televisión de San Antonio de los Baños (EICTV – Cuba), onde ministra aulas para alunos do curso regular, da maestria documental e dos talleres internacionales. Também dá aulas no curso de Cinema da Escuela de Diseño de Altos de Chavón, na República Dominicana. Desde 2012, é coordenador audiovisual da Agência de Desenvolvimento do Polo Audiovisual da Zona da Mata de Minas Gerais, sediado em Cataguases, sendo responsável pelos projetos da área de formação audiovisual. Vive e trabalha em Belo Horizonte.

A Parte do Mundo que me Pertence (Brasil, 2017, Documentário, 84 minutos)

Documentário sobre sonhos e desejos de pessoas comuns. A vida cotidiana de diferentes personagens anônimos, que constroem suas histórias distantes dos tradicionais cartões-postais de uma cidade. Um filme sobre os combustíveis que nos movem diariamente: felicidade, reconhecimento, estabilidade financeira, casamento, distração, saúde, diversão, alguns quilos a menos, gozo, tranquilidade, superação, sucesso ou – até mesmo – uma simples e humilde pipa. Gente comum em busca de seus pequenos desejos cotidianos.

Uma obra sobre esferas privadas mínimas, que revela que parte da grandeza do ser humano reside nas sutilezas de seus pequenos gestos. Um olhar íntimo e comprometido com o que somos, de sol a sol, por trás das paredes e telhados de uma cidade.

"O itinerário de Marcos Pimentel evidencia uma progressão das palavras ao silêncio. De uma certa retórica sobre o mundo a algo que eu chamaria de contemplação seletiva. Do expositivo ao imersivo. Do “sobre” ao “em”. Assim se mede a integridade e a unidade de uma obra em constante evolução" - Carlos Alberto Mattos

 

 

Escrever e ler com a câmera: ensaio, poesia, carta e diário no audiovisual

Com Glaura Cardoso Vale - 02 e 03 de maio, 13h30 às 21h30

Serão trabalhados dois gestos presentes na construção de narrativas audiovisuais: o da escrita e o da leitura. Durante os encontros, verificaremos como realizadoras e realizadores trabalham a dimensão textual em seus filmes, seja a partir de seus próprios diários ou cartas, seja por empréstimo, ao citar outros autores, ou mesmo as formas híbridas que misturam a escrita de si e do outro na tentativa de alcançar algo que parece distante temporal e territorialmente.

Para verificar como esses dois gestos são trazidos à cena pela tessitura fílmica, gestos que se complementam e se entrecruzam, buscaremos perceber: a presença da letra e do texto na imagem, bem como o gestual da mão a escrever; a presença do livro (a sua materialidade em cena) e da leitura; trabalhar com filmes que problematizam as experiências traumáticas, a fragmentação territorial, o exercício da memória de dar conta desses traumas, mas também de revelar a ternura e a alegria.

Entendendo a tela como uma página a ser preenchida, propõe-se construir, com os(as) participantes, pequenas narrativas. Partiremos de excertos textuais e imagéticos, tendo em vista o trabalho experimental desde o primeiro cinema, quando os intertítulos auxiliavam na organização da montagem, até as formas livres presentes na contemporaneidade (dos irmãos Lumière, passando por Jean Epstein, até Chantal Akerman, Agnès Varda e Jonas Mekas, bem como Jean-Luc Godard e, no Brasil, Marilá Dardot, Letícia Parente, Daniel Ribeiro Duarte, Aloysio Raulino). Filme-carta, filme-diário, cinepoesia e filme-ensaio são algumas dessas formas a serem esmiuçadas. Procuraremos discutir e compreender a complexidade do processo de construção narrativa, desde a elaboração de uma proposta até as etapas de produção e montagem do material e sua difusão.

Glaura Cardoso Vale

Natural de Belo Horizonte, Minas Gerais/Brasil, com pós-doutorado em Comunicação Social pelo PPGCOM/UFMG (2013-2016) e doutorado em Estudos Literários pela FALE/UFMG, Glaura Cardoso Vale atua como pesquisadora nas áreas de cinema e de literatura. 

Como professora de narrativas audiovisuais, ministrou aulas na graduação e em oficinas de documentário. Trabalhou na co-organização de mostras itinerantes, atividade cineclubista e festival, como o forumdoc.bh (Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte), do qual é colaboradora desde 2003. Assina argumento, pesquisa e produção do longa-metragem Acácio (2008), dirigido por Marília Rocha.

Seu primeiro livro de ensaios, A mise-en-film da fotografia no documentário brasileiro, foi publicado pela Relicário Edições e Filmes de Quintal Editora, em 2016, eindicado, em 2017, para a seleção do Mestrado do PPGCine – Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual/UFF. 

Atualmente, tem se dedicado à realização audiovisual e à produção editorial de publicação como os catálogos do FESTCURTASBH (2017 e 2018) e forumdoc.bh (2011-2017).

 

 

Produção executiva para cinema

Com Luana Melgaço - 07 e 08 de maio, 13h30 às 21h30

O curso vai examinar a função e as atividades exercidas pela produção executiva de um filme, curta ou longa-metragem. Irá abordar desde a formatação de projetos para fundos/editais e captação de patrocínio até a gestão dos recursos do orçamento ao longo do desenvolvimento, produção, finalização e comercialização.

Trata, ainda, da relação com os outros departamentos dentro do filme e com o processo criativo, além de estratégias de otimização do processo de produção audiovisual. A oficina inclui exibição de trechos de filmes para análise de caso, compartilhamento de planilhas, documentos e da experiência de Luana Melgaço nos seus mais de dez anos de carreira como produtora executiva.

Luana Melgaço

Luana Melgaço vive e trabalha em Belo Horizonte. É sócia da Anavilhana Filmes e foi integrante da Teia entre 2010 e 2014, tendo desenvolvido projetos e produzido curtas, longas e instalações em parceria com os realizadores do grupo. Produtora de A cidade onde envelheço, longa-metragem de Marilia Rocha, que estreou na competição Hivos Tiger do Festival de Roterdã, 2016. Contemplado pelo Programa Petrobras Cultural e World Cinema Fund, co-produção Brasil e Portugal e grande vencedor do festival de Brasilia em 2016, com estreia nas salas de cinema em 2017, pela Vitrine Filmes.

Produtora de Girimunho, longa de Helvécio Marins Jr e Clarissa Campolina, uma co-produção com a Dezenove Som e Imagens, Autentika Films (Alemanha) e Eddie Saeta (Espanha). Apoiado pelo Hubert Bals Fund (Roterdã), Ibermedia e World Cinema Fund (Berlinale). Estreia mundial no Festival de Veneza, em 2011. Produtora do longa-metragem O céu sobre os ombros, de Sérgio Borges, grande vencedor do Festival de Brasília em 2010, com os prêmios de melhor filme, melhor direção, roteiro, montagem e prêmio especial para os atores. Estreia internacional no Tiger Awards Competition, Festival de Roterdã (2011).

Produtora do longa-metragem A falta que me faz, de Marilia Rocha, premiado como melhor filme no Festival Latino Americano de São Paulo (2010). Produziu oito documentários de Marcos Pimentel, entre eles os longas-metragens Sopro e A parte do mundo que me pertence, os curtas Sanã e A poeira e o vento, esse ultimo, vencedor do Festival É Tudo Verdade em 2011; além de Horizontes Mínimos, projeto que representa o Brasil no programa III DOCTV Latino-América, exibido nas televisões públicas de 16 países do continente americano.

Os filmes que produziu ganharam prêmios e foram exibidos em festivais nacionais e internacionais, lançados em sala de cinema, DVD e televisão. Atualmente desenvolve os projetos de longa-metragem Coiote, de Sergio Borges, em fase de montagem; Saudade, de Marcos Pimentel, em fase de pré-produção, Canção ao Longe, de Clarissa Campolina; Corte Real, de Julia de Simone e Kevin, de Joana Oliveira, todos em fase de desenvolvimento de roteiro. É produtora do Núcleo Criativo Transcriações, financiado pelo Prodav 03, que desenvolve projetos de quatro longas-metragens e duas séries de televisão, com um grupo de 15 roteiristas.

 

 

Direção Cinematográfica 

Com Erico Rassi - de 14 a 16 de maio

14.05, 19h - Exibição do longa Comeback, seguida de conversa com o diretor.

15 e 16.05, 14 às 20h:

A linguagem do cinema permite que se encene e registre uma sequência das mais diversas e incontáveis formas. Através da análise comparativa de algumas sequências nas obras de grandes realizadores, o curso pretende explorar as diferenças de abordagem utilizadas por eles na realização de seus filmes.Os meandros da direção cinematográfica; A construção e a realização de um olhar: o que se vê e a forma como se vê; A relação do diretor com as outras funções, em especial com produtor e o roteirista; A dramaturgia e a mise-en-scène; Estudo e análise de sequências plano a plano; Estudos e análise da mise-en-scène nas obras de grandes realizadores; Cinematografias comparadas: as semelhanças e diferenças estéticas e narrativas entre realizadores; Exemplificação de diferentes maneiras de abordagem e procedimentos cinematográficos.

Erico Rassi

Erico Rassi é diretor, roteirista e montador. Estreou seu primeiro longa-metragem, “Comeback”, no Festival do Rio 2016 - de onde o protagonista Nelson Xavier saiu com o prêmio de melhor ator. O filme também foi premiado em Portugal, no Festin-Lisboa, em que acumulou o troféu de melhor direção e prêmio da crítica de melhor filme. Seus curtas “Sexo com Objetos Inanimados”, “Um pra Um” e “Milímetros” participaram de dezenas de festivais brasileiros, suíços, espanhóis, ingleses e cubanos, como 3º Festival Sul Americano de Cinema e Vídeo Universitário (melhor filme e melhor roteiro); Festival Internacional Curta Cinema RJ  – prêmio Porta Curtas Petrobrás – júri popular); Goiânia Mostra Curtas (prêmios Destaque Especial e melhor direção); Festival de Gramado (seleção oficial); London Brazilian Film Festival (seleção oficial); Academia Internacional de Cinema –SP (melhor filme, melhor direção, melhor  fotografia, melhor  ator e melhor  atriz); Festival de Recife – Cine-PE (melhor montagem); Festival Ibero-Americano de Cinema e Video– CINE-SE (melhor curta ficção); Festival de Filmets de Barcelona (seleção mostra competitiva); Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano de La Habana / Cuba (seleção mostra competitiva); 12º Festivalíssimo – Festival de Filmes Ibero-Latino Americanos de Montreal (seleção oficial) e Festival de Paulínia (melhor roteiro, melhor direção, melhor ator), entre outros.

Atualmente Erico dirige as séries “Giramundo”, contemplada no edital de tv’s públicas, e “Doceiras do Brasil”, para o canal CineBrasilTV.

Comeback (Brasil, 2017, Ficção, 89 minutos)

Aposentado da antiga carreira de pistoleiro, Amador (Nelson Xavier) leva uma vida solitária que nada se compara com os dias de perigo e, principalmente, de temor por parte das pessoas. Um dia, é procurado pelo neto de um antigo amigo, que deseja trabalhar com ele devido à sua fama. Amador logo o coloca como ajudante de sua atual atividade, o transporte de máquinas caça-níqueis para bares próximos, mas a falta de reconhecimento em relação ao que foi passa a incomodá-lo cada vez mais.

“Uma ousada e divertida homenagem ao faroeste.” - Hollywood Reporter

"O filme tem uma dimensão cinéfila ao dialogar com outros gêneros, felizmente sem se reduzir a eles. As referências ao faroeste estão claras nos planos gerais, na ambientação da história (...) O filme noir é outra referência na fotografia sombria, cuja paleta de cores é dominada por tons escuros, reforçando o suspense e principalmente a desolação do lugar." - Folha de São Paulo